O Ju-Jitsu, na sua forma completa foi uma arte de combate utilizada pelos guerreiros samurais. A arte data da antiguidade, sendo conhecida por vários nomes, tai-jutsu, yawara, hakuda, entre outros. O Ju-Jitsu inclui técnicas com e sem armas. É visto como a raiz do aikido e do judo. Dentro desta arte está contemplada uma variedade de capacidades, desde os ataques a pontos vitais (Kyusho Waza), batimentos (Atemi Waza), projecções (Nage Waza), luta no solo (Ne Waza), até às técnicas de bloqueio (Ossae Waza), e nas articulações (Kansetsu Waza).
Tem sido dito que o Ju-Jitsu foi praticado pela primeira vez há dois mil anos atrás, e muitos acreditam que seja a origem de todas as artes marciais japonesas. O Ju-Jitsu não é um concurso de força muscular – de facto, este nem é um factor importante. A arte assenta no equilíbrio, no uso da biomecânica natural do corpo humano e, assim, a força disponível é aplicada com todas as vantagens. Ju-Jitsu tende a eliminar as diferenças de tamanho, peso, altura e alcance.
Tradicionalmente o samurai só lutava corpo a corpo se tudo o resto falhasse. O guerreiro tradicional lutava usando uma armadura, de modo que a aplicação das técnicas de mãos vazias parecia um pouco robotizada. Quando um cavaleiro lutava no chão e sem armas, ele desequilibrava o seu adversário e imobilizava-o com uma forte prisão. Isto dar-lhe-ia tempo suficiente para que ele desembainhasse o punhal e o enfiasse por uma fenda da armadura para atingir um ponto vital. No Japão entre o século XVII e IX, o samurai começou a enquadrar-se num ambiente mais pacífico, desprovido das antigas lutas civis sangrentas. Os samurais eram várias vezes atacados por bandidos e samurais fora da lei (ronin). A necessidade de técnicas de mãos vazias cresceu e quando os samurais foram proibidos de utilizar espadas em 1876, tornou-se imperativa.
Com a grande vaga de emigração para a Europa e as Américas, no começo do século XX, o Ju-Jitsu ganhou o mundo. Antes disso, era crime ensinar Ju-Jitsu (um segredo militar) a não-japoneses. Novas ramificações como o Judo e o Aikido ajudaram a propagar o conhecimento do Ju-Jitsu pelo mundo.
O nome da modalidade ganhou varias versões fonéticas ao transitar pelo ocidente tal como Ju jutsu, Ju jitsu, ou Jiu jitsu, no entanto são só derivações fonéticas da mesma modalidade.
Kanji | Fonética Ocidental | Fonética Japonesa | Significado |
柔 | Ju, Jiu | “Djiu” | Suave, Gentil, Adaptável |
術 | Jutsu, Jitsu | “Djiutsu” | Arte, Técnica |
O primeiro professor de Ju-jitsu japonês que esteve em Portugal chamava-se Hirano, tendo morrido afogado na praia de St. Cruz.
Em 1936 a PSP do Porto por iniciativa do seu comandante Coronel Namorado de Aguiar e do Tenente Alberto Cruz, inclui a prática do Ju-Jitsu nos programas dos cursos dos seus agentes, sendo a instrução dada por Armando Gonçalves.
Em 1941 é publicada pela Livraria Simões Lopes a 1ª Edição do livro “O Fraco Vence o Forte” de Armando Gonçalves. Em Lisboa, António Corrêa Pereira correspondia-se regularmente com Risei Kano e Moshizuni, director do Yoseikan.
Devido às suas diligências grandes mestres do Judo e Aikido visitaram Portugal. António Corrêa Pereira é o primeiro português cinto negro, 1º Dan, inscrito no Kodokan, membro da Kodokan-Ju-Jutsu Association. Torna-se também o primeiro Membro Honorário da União Dinamarquesa de Judo. Em 1946 funda a Academia de Budo. Editou a primeira revista de judo em Portugal da qual saíram somente nove números.
Para a orientação da prática na Academia de Budo, o Mestre Corrêa Pereira procurou encontrar uma figura que representasse a mais pura tradição do Judo marcial. Assim, após longas negociações junto do governo japonês, foi recomendado à Academia o Mestre Masami Shirooka, inspector de Educação Física do Ministério da Educação Nacional do Japão que permaneceu em Portugal durante um ano como professor efectivo da Academia de Budo, tendo chegado a Lisboa no dia 19 de Abril de 1959.
Entretanto a prática do Ju-Jitsu em Portugal foi-se difundindo sob a prática do Judo, modalidade fundada por Jigoro Kano como uma nova versão desportiva das artes marciais ancestrais do Japão, com fortes raízes no Jujutsu, por toda a Europa se deu um movimento relativo à pratica do Judo tendo o seu culminar em 1964 com a sua integração dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
No entanto várias escolas, em paralelo ou exclusivamente, mantiveram a prática original do Jujutsu.
Em 1977 é fundada a União Europeia de Ju-Jitsu, e dez anos mais tarde, em 1987, é criada a Federação Internacional de Ju-Jitsu, dando à modalidade mais visibilidade desportiva mas próximo da amplitude técnica da velha tradição marcial Japonesa.